terça-feira, 3 de maio de 2011

Me dê um bom motivo...

Desde o início dos anos 1930 a motivação no trabalho e noções conexas como a performance e o envolvimento do funcionário com suas tarefas estão no topo das preocupações dos pesquisadores da área do comportamento organizacional.

O estudo da motivação tem como objeto analisar o que desencadeia e orienta os comportamentos, isto é, necessidades, tendências e valores assim como as reações que animam a vida afetiva de uma pessoa, tais como o estresse, as emoções e o sistema de defesa.

O que é motivação?
Antes de mais nada é preciso definir bem o termo com o qual vamos trabalhar. A motivação é o processo psicofisiológico resposnável pelo desencadeamento, pela manutenção e pela cessação de um comportamento, assim como pelo valor apetitivo (apetite, desejo, vontade, aproximação) ou aversivo (aversão, desinteresse, fuga, separação) conferido aos elementos do meio no qual se exerce esse comportamento.

Motivação é, enfim, o que nos aproxima ou nos afasta de pessoas, objetivos, metas, situações. Quase como uma força magnética que nos impele para perto ou longe de um determinado objetivo.
Algumas definições técnicas do conceito:

Motivação...
1. É um processo psicofisiológico que depende das atividades do sistema nervoso tanto quanto das atividades cognitivas (conhecimento, raciocínio).

2. É a variável responsável pelas flutuações do nível de ativação, do grau de atenção ou dispersão de uma pessoa. Responsável por nosso estado de vigília.

3. Corresponde às forças que são a causa de comportamentos orientados para um objetivo, forças que permitem manter esses comportamentos até que o objetivo visado seja atingido. Nesse sentido a motivação mantém a energia necessária para agir em prol de uma meta pré-estabelecida.
Motivação e valor
Atualmente dedica-se muito tempo e dinheiro para motivar funcionários a agir de forma mais eficaz em prol dos interesses de uma empresa. Como tempo e dinheiro são recursos estratégicos que, em qualquer lugar, são empregados de forma a atingir metas maiores do que o tempo e o dinheiro ali investidos, somos levados a perguntar: o que exatamente se deseja da motivação? O que a motivação confere aos seus “motivados”? Qual o valor atrás do qual o empresário, o administrador, o líder ou o gerente de equipe está?

Força, direção, persistência.
A motivação confere três características a uma conduta: força, direção e persistência. De fato as condutas, quaisquer que sejam, são orientadas para um objetivo ao qual a pessoa atribui certo valor. A busca da motivação na sociedade do trabalho atual está ligada a essa perda de referencial de valor agregado ao trabalho. A busca de sentimentos de familiaridade dentro do local de trabalho – a “família Petrobrás”, a “família Shell”, a “família Knorr” etc - demonstra um esforço pontual em recriar esse elo de familiaridade, de significação, perdido na automatização e no distanciamento das relações gerados pelas novas tecnologias de gerenciamento de trabalho e comunicação.

A empresa estratégica
A intensidade (força) e a persistência da ação denotam o valor que a pessoa atribui ao objetivo que persegue ou o interesse que o alvo visado com o comportamento tem, para a pessoa. Mais do que obter maior rendimento em um trabalho específico, as empresas querem descobrir o que move seus funcionários, qual o valor que possui significado e intensidade afetiva ou psíquica a ponto de modificar seus comportamentos. A empresa que souber identificar esses valores e trabalhar com eles, será a pioneira em qualquer ramo (para mais informações sobre competitividade e estratégia leia as matérias publicadas anteriormente no nosso blog sobre Liderança e Estratégia).

O prazer vicia
Na realidade os indivíduos tendem a repetir os comportamentos que lhes proporcionam prazer; este é o princípio do reforço. No cérebro do homem e dos mamíferos em geral existem estruturas que transmitem, com a estimulação, recompensa ou castigo através de neurotransmissores, essas estruturas são chamadas “centros de reforço”. A satisfação traz uma redução da tensão ligada à necessidade (ou ao desejo, à pulsão) que faz surgir o comportamento. A satisfação corresponde à conquista, parcial ou total, do objetivo perseguido. Quanto maior o sucesso advindo de uma atividade, maior o grau de satisfação proporcionado ao indivíduo.

PNL – Em Programação neurolingüística (PNL) temos o pressuposto de que “toda ação tem uma intenção positiva”, ou seja, qualquer atividade, qualquer ação tem – para o seu praticante! – uma intenção positiva. De alguma forma ele há de retirar algum prazer ou satisfação daquela ação. Veja mais no Dicionário ATENA de PNL.

O motivo entre o prazer e a dor
Para explicar o processo de motivação os especialistas usam frequentemente o exemplo do termostato, esse dispositivo que permite regular os fluxos de energia para manter uma temperatura constante. Por analogia a motivação seria um dispositivo que permite regular os fluxos de energia com o objetivo de manter o equilíbrio do organismo. As teorias de Lewin e Piaget se apóiam nessa concepção de equilíbrio.

Homeostasia, o termômetro interno
É de se esperar que ao regular os fluxos de energia entre os estados de equilíbrio e desequilíbrio, a motivação faça variar o nível de ativação do organismo; aliás, pode-se constatar esse estado efetivo na força e na persistência dos comportamentos de uma pessoa em uma situação dada. O nível de ativação está vinculado às exigências de uma dada situação e à disposição da pessoa ante essa situação. O nível de ativação permite compreender os fenômenos de esforço, fadiga e de performance dos funcionários e encontrar maneiras de mobilizar a energia desses últimos para a consecução dos objetivos de trabalho. Homeostasia é a tendência geral do organismo a estabelecer o equilíbrio e a restabelecê-lo toda vez que ele tiver sido rompido. Aprender a motivar-se e a motivar seus funcionários é aprender a “sintonizar” o termômetro interno com as demandas externas.

Festa ou foco?
Muitas empresas de treinamento e profissionais da área se esmeram em produzir festas e eventos socializantes para desenvolver a motivação de funcionários, principalmente depois das férias e antes de feriados como o ano novo. Estouram balões, quebram tábuas de madeira, desenham com pilot, giz de cera etc. É perfeitamente válido que ocorram tais “treinamentos” desde que a energia catalisada nessas oportunidades não se perca pela ausência de foco e pelo clima de “oba oba” generalizado. Se um funcionário mal orientado ou até mesmo com grau baixo de competência (por pouco tempo de casa, por exemplo) se motiva sem o devido foco, pode se animar em fazer errado por meses! Uma possibilidade viável para o bom uso dessa energia e motivação evocadas seria alocar essas formas de treinamento no início de uma jornada ou projeto, não no seu término ou ilhado em um final de semana ou fim de ano.

A motivação deve estar sempre alicerçada nos princípios que norteiam as metas, os valores, o desenvolvimento e as práticas daquela empresa específica. O pulo do gato é justamente elevar o moral do pessoal, sincronizar interesses e valores do funcionários com os da empresa, desenvolver a compreensão de trabalho fluídico e colaborativo (competição é ótima, pra fora!), trazer humor para o processo afim de gerar uma sensibilização de todos perante os demais e, principalmente, canalizar essa atmosfera para a consecução criativa, dinâmica e eficaz das tarefas a que a empresa se propõe.

Renato Kress,
Diretor do Instituto Atena

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